quarta-feira, 28 de junho de 2017

Mad World


Tudo que me cerca são rostos familiares.
e no entanto, me sinto distante.
os dias claros vão ficando cinza.
quando foi que todos se tornaram estranhos?

Os lugares que iluminam as noites.
eles continuam cheios, como de costume.
e as pessoas que os sustentam ficam mais e mais vazias.
apesar da ironia, não sou capaz de rir.

E eu acho um tanto engraçado.
o quão banal e simples o inacreditável se tornou.
e tanto de sofrimento que ocorre por isso.
hoje o deprimido ri e o alegre chora.

E eu fico um tanto triste.
os poucos sonhos que temos.
e como eles vão morrendo no caminho.
e fica difícil dizer que vai ficar tudo bem.


Mundo sujo,
mundo porco,
mundo frio,
mundo mudo....



...mundo louco.

domingo, 15 de janeiro de 2017

17


Mais uma volta se inicia.
mais um ciclo longo e quase infindável.
mais uma chance de alcançar.
mais trezentas e sessenta e cinco chances de mudar.

Estamos chegando cansados.
vindos de um ano difícil, cheio de perdas.
Ídolos, Heróis, amigos e até mesmo alguns parentes.
foi um período de lágrimas, neblina e chuva.

Mas o novo dia chega.
e como ele as esperanças de uma nova luz.
a manhã vai vir, e independente do sol ou da chuva.
nós devemos olhar para frente, e seguir nossos caminhos sem medo.

O sofrimento que te atormenta, também atormenta a mim.
e em cada segundo, um novo sofrimento surge.
por isso devemos ser destemidos e persistentes.
para que os que se vão durante a caminhada possam se orgulhar de nós.

Eu nunca fui de fazer promessas.
sempre achei que isso iria me induzir ao fracasso.
no fim das contas, eu realmente não preciso delas.
só preciso olhar direto nos seus olhos....



...e correr sem ter medo do sorrir sincero.

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Iaiá


Que o tempo possa ser lentidão.
que a chuva possa ser aconchego.
que a incerteza se torne razão.
que qualquer caminho te torne destino.

Que os ventos soprem em direção ao amanhã.
que as direções cheguem até nós.
que a água do mar encontre a areia entre nossos pés.
que a noite chegue e nos abrace.

Que no seu sorrir possa me guardar.
que o seu colo venha me acalantar.
que nossas trilhas sejam em paralelo.
que assim, possamos juntos caminhar.


E que eu sempre possa te ver dormir e acordar, até o definitivo findar.

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Fel.



Cada vez que meus olhos se fecham, memórias se vão.
em um turbilhão inenarrável de emoções se partindo ao meio.
como um vitral implodindo em estilhaços de cores vivas.
ou as próprias estrelas, brilhando mesmo depois de mortas.

E ao abrir meus olhos, abrem-se as feridas.
uma sequência de dor e pesar que nunca puderam ser medidos.
envoltos por toda a névoa de falsos sorrisos.
e tudo que eu queria era meu copo de whisky.

As formas vão se perdendo aos poucos.
alguns muitos devaneios nos labirintos da mente.
a rouquidão e o cansaço sempre duram mais.
e quando o sol chega, já não consigo mais enxergar...



....as silhuetas da noite que nunca teve um fim.

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Millenia.


E depois de muito tempo.
tempo longe de casa, eis que decido voltar.
o tanto que estive ausente, desmedido.
mas um tanto que aprendi, com a ausência em si.

E o que nos resta no futuro?
a incerteza ou o temor dos dias adiante?
em seu montante de crueldade e mazelas.
o mundo vai tentar nos minguar aos poucos.

Sobre as chamas e o sofrimento.
iremos nos tornar mais fortes do que a dor.
o sangue gotejando da ponta dos meus dedos.
vai nos reerguer e nos sustentar.

Os dias, certamente mais claros, virão.
as nuvens cinzentas vão se dispersar no infinito.
as cores que brilham entre seu olhar e seu sorriso.
serão a conclusão e o manifesto...



...e acima de tudo,  a garantia de que tudo vai ficar bem.

terça-feira, 8 de março de 2016

8º Dia.


São tempos difíceis esses que vivemos.
tempos de provação, tempos de desafios.
muito maiores do que quaisquer outros.
tempestades ainda distantes da tão sonhada calmaria.

Hoje, em especial, é um dia marcante.
supostamente, é um dia de parabenização.
devemos lhes congratular pelo seu dia.
com flores, beijos e abraços, doçura e ternura.

Eu vim de longe, e de longe eu vi.
que as coisas não são bem assim, não é?
o passado é sombrio e doloroso.
almejando o presente com cicatrizes e medo.

Para surpresa dos numerosos, algo muda.
a visão clareia, e o semblante se altera.
os corpos se erguem, as lágrimas secam.
e assim o tal jogo vira, surpreendentemente.

Dessa forma, eu não lhes parabenizo, faço diferente.
eu agradeço, com convicção, cada uma de vocês.
agradeço pelo esforço diário para superar tudo.
por lutar, incessantemente, pelo fim das inumerosas injúrias.

Lhes ofereço, não como presente, apoio.
a mão amiga na luta pelo fim do medo, por justiça.
e a certeza de que, se for sua vontade, caminharei com vocês.
e lutarei junto à vocês, se assim desejarem, e já aviso, eu brigo bem.


A batalha continua, até que sua luz nos faça entender que vocês são tudo em nossas vidas.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Zelo.


Essa noite eu decidi descer as escadas.
as longas e tão memoráveis escadas.
com a coragem que em tempo pude reunir.
para enfrentar os medos que há tempos já desconhecia.

Passei pelos corredores, em direção à saída.
os extensos, vívidos e tristonhos corredores.
munido de virtudes pomposas e alguma determinação.
para abrir as portas sem olhar pra trás e enfrentar o mundo.

Caminhei até o banco mais distante, no monte mais alto.
aquele velho e saudoso banco, sempre solitário, como eu.
sentado ali, provido de calma e sossego, decidir acender um cigarro.
um único e último cigarro, para que o sofrimento seja um tanto menor.

Sob o céu pouco estrelado, eu pude ver bem.
o brilho da cidade que ofuscava todas as estrelas.
senti a tristeza do mundo, belo e ferido por essa existência.
o humano é pútrido e vil, e compreender isso fez a lágrima salgar meus olhos.

Antes de partir, pensei em você, e tudo que me ensinou.
o tanto que me apaziguou, ainda que, as vezes, me sentisse só.
e todos as vezes que estivemos ali, sobre as luzes da cidade fria.
pude jurar que te ouvi chamar meu nome naqueles breves momentos finais...





...e o calor do teu coração me levou ao encontro da paz.